O futuro da Ethereum

G. S.E. - Jul 16 - - Dev Community

A essa altura, você provavelmente já ouviu falar sobre a grande atualização comumente chamada de “Ethereum 2.0”, que está destinada a melhorar (absurdamente) a eficácia das transações na Blockchain da Ethereum. Se você já usou um DeFi, DApp ou outros aplicativos Ethereum, sabe que hoje as transações na rede são lentas e caras.
Ah, e vale a pena notar que se você já usou um DeFi, pode não ter consciência que era um DeFi pelo simples motivo de ser aparentemente tão eficiente quanto uma tecnologia centralizada… pois é, já chegamos nesse nível, acredita?
Primeiramente, por que a Proof of Work é lenta?

Recomendação:
(https://guiadoinvestidor.com.br/proof-of-work-vs-proof-of-stake-entenda-a-diferenca-entre-os-protocolos-de-consenso/)

No momento, a rede Ethereum pode processar apenas de 10 a 20 transações por segundo, o que é muito pouco considerando a crescente demanda da rede. Isso ocorre porque, assim como no Bitcoin, a rede Ethereum atualmente usa um algoritmo de consenso denominado Proof of Work (“PoW”). Com esse algoritmo, os mineradores processam transações pendentes e recebem ETH (ou bitcoin no blockchain Bitcoin) por isso. A recompensa em ETH é concedida ao primeiro minerador que conseguir produzir um bloco válido, o que requer uma enorme quantidade de poder computacional, de acordo com a “dificuldade de mineração”, que é definida por um algoritmo autorregulado da rede Ethereum.

Este processo energicamente custoso e razoavelmente demorado, junto com a “regra da cadeia mais longa” garante que sempre haja consenso sobre o estado da blockchain (tanto no Bitcoin como no Ethereum). Para fraudar, hackear ou desfazer uma transação, seria necessário recalcular cada bloco no histórico de transações do blockchain até o bloco que se deseja modificar, e tudo isso enquanto o resto da rede continua a produzir novos blocos na cadeia original. Ou seja, para realizar esse tipo de ataque, seria necessário obter mais de 50% do poder de computação presente na rede, o que é praticamente impossível para redes descentralizadas como o BTC e o ETH. Ok, isso a gente já sabe.

No entanto, essas garantias de segurança têm o custo da escalabilidade. Em uma rede distribuída, cada nó da rede precisa ser capaz de armazenar todo o histórico do blockchain e verificar todas as inúmeras transações de maneira a não depender dos outros. O número de transações que a blockchain pode processar nunca pode exceder o de um único nó que está participando da rede. Em um sistema de banco de dados tradicional, a solução para escalabilidade é adicionar cada vez mais e mais servidores (mais poder de computação) para lidar com as transações que forem sendo criadas. Na blockchain, onde cada nó precisa processar e validar todas as transações, seria necessário adicionar mais poder de computação a cada nó existente para que a rede ficasse mais rápida. Exigir isso dos nós, aumentando o tamanho do bloco, por exemplo, tornaria mais caro executar um nó na rede e participar de seu consenso, eliminando efetivamente os atores menores e consequentemente centralizando a rede. Como você pode ver, há uma compensação inevitável na Proof of Work entre o rendimento da transação e a descentralização.
O que é o PoS e como ele resolve esse problema?

O Proof of Stake (“PoS”) não requer uma grande quantidade de poder de computação para proteger a rede como o PoW. Fazer a operação do “Staking” significa que você está dedicando uma quantidade de ETH para se tornar um validador na rede. Os validadores executam um software de “mineração” que confirma e valida as transações e, se forem escolhidos, criam novos blocos no blockchain. Esses clientes de software são tão leves que poderiam até mesmo ser executados em um smartphone, segundo uma comparação rápida com o CG Miner, por exemplo. Com o PoS, qualquer pessoa poderia participar da rede, desde que possua 32 ETH para começar o Staking. Mesmo se você não tiver toda essa quantidade de ETH, você ainda pode juntar algumas moedas e unir-se a outras pessoas para somar seus quantias e obter o valor desejado. É quase como se fosse um financiamento coletivo para começar o Staking. Enquanto a segurança do PoW vem principalmente do custo de queima de energia que um invasor precisaria incorrer, a segurança do PoS é derivada do depósito do validador, ou seja, do dinheiro que os validadores possuem alocados em ETH.

Se um validador tentar comprometer a blockchain e votar tentando fraudá-la, uma parte de sua aposta — possivelmente até mesmo toda a quantia de 32 ETH — será queimada. Além disso, os validadores não sabem de antemão quando é sua vez de votar, já que eles são escolhidos de forma aleatória, o que torna o impossível ainda mais difícil para se coordenar um ataque. Seria necessário executar a maioria dos nós validadores (cada um custando 32ETH) para tornar um ataque praticamente viável. No entanto, com tanto ETH em jogo, não há incentivo financeiro para atacar a rede! Pense nisso: um ataque bem-sucedido diminuiria o preço dos ativos do invasor, causando maior prejuízo ao invasor, que sai dessa luta como sendo o maior prejudicado.
Por que o PoS é economicamente mais seguro e pode ajudar a reduzir a inflação da rede?

Tanto no PoW quanto no PoS, a inflação da rede na forma de recompensas em bloco são mecanismos necessários para incentivar os participantes da rede a protegê-la. Em PoW, proteger a rede significa comprar equipamentos de mineração e queimar energia, enquanto em PoS significa fazer stake com ETH e votar em novos blocos.

O objetivo desses protocolos, no meu entendimento, é criar o mais alto nível de segurança com o menor nível de inflação possível.

No Bitcoin, as recompensas da inflação caem pela metade a cada 4 anos até que finalmente parem completamente (lá em 2140). Isso significa que a receita da mineradora dependerá cada vez mais das taxas de transação geradas pela rede à medida que a parte de recompensa do bloco de sua receita diminui. Se as taxas de transação não compensarem a redução nas recompensas, a receita agregada cairá, o que significa que para alguns mineradores (que vivem em regiões com altos custos de energia e equipamentos menos eficientes), a mineração pode não ser mais lucrativa. Como resultado, o poder de computação combinado da rede do Bitcoin cai e o custo de ataque à rede diminui, ou seja, a Blockchain fica MENOS segura contra esse tipo de ataque.

O Ethereum, por outro lado, não tem uma política monetária imutável. Há apenas um amplo consenso na comunidade para seguir o “princípio da emissão mínima”, ou seja, reduzir a inflação ao máximo, preservando o mais alto nível de segurança.

Olha que bacana: é uma política monetária flexível com um compromisso explícito e totalmente transparente de reduzir a inflação. Não há a necessidade de confiar em pessoas, mas apenas e tão somente na nossa querida matemática.
Inflação: passado e futuro

Cada mudança feita na política monetária da rede Ethereum tem levado a uma redução da taxa de inflação. A transição de PoW para PoS marca outro marco, permitindo que a rede Ethereum reduza a inflação para sempre.

A redução na emissão de ETH significa que haverá menos pressão de venda causada por mineradores que, no sistema PoW atual, despejam ETH no mercado todos os dias, pois precisam cobrir suas despesas operacionais como custos de eletricidade, equipamentos (como placas de vídeo ou ASICs), folha de pagamento de funcionários, etc.

Na ETH 2.0, há um incentivo para fazer Staking, pois isso gera renda passiva para o detentor do capital. Esse fluxo de caixa de baixíssimo risco significa que os validadores têm um incentivo para acumular ETH ao longo do tempo, pois permite a eles gerar mais nós de validação, ganhando mais ETH com o passar do tmepo. Com o Proof of Work, a ETH não é necessária no processo de mineração, o que significa que os mineradores podem vender as moedas geradas.

Isso cria um ciclo em que os usuários compram ETH para pagar pelas transações, os mineradores ganham e vendem de volta no mercado para outros compradores que novamente precisam pagar por suas transações. No PoS, a atividade de validação e geração de nova ETH está intimamente ligada à posse e manutenção de uma ETH existente, o que torna o ativo muito mais valioso.
Ethereum: uma moeda programável para o futuro

A magia do Bitcoin é ser uma moeda programável, segura e descentralizada. O Ethereum 2.0 é, junto à criação do Bitcoin, um dos desenvolvimentos mais interessantes no espaço criptoeconômico.

Embora já existam alguns blockchains utilizando o PoS, nenhum deles chega perto do tamanho da rede do Ethereum. A mudança para o PoS permitirá que os desenvolvedores criem aplicativos muito mais escaláveis e, para os usuários, a mudança para o PoS significa que esses aplicativos serão significativamente mais baratos de usar. Hoje, as taxas para uma transação de Contrato Inteligente chegam a 500 reais, um total absurdo. Muitos casos de uso que não eram viáveis até então serão possíveis no Ethereum 2.

Quando eu falo a respeito de criptomoedas, eu tento me abster dos aspectos de mercado como valores, cotações, precificação e economia pois prefiro priorizar as explicações técnicas. Detesto quando as pessoas enxergam as criptomoedas apenas como ativos para investimento. É como se você investisse no ativo “internet” para vendê-la posteriormente por um preço superior, ao invés de utilizar a internet como a tecnologia fantástica que ela é e aproveitar as muitas inovações e vantagens que ela traz.

Entretanto, falando de um ponto de vista econômico, o ativo ETH será muito mais valioso à medida que se transforma em um ativo de capital, gerando fluxos de caixa regulares para seus detentores através do Staking. O bloqueio da ETH necessário para a referida operação tornará o ativo muito mais escasso. Além disso, a natureza do PoS permite reduzir a inflação, reduzindo, assim, a quantidade de novas ETH sendo adicionadas à rede, o que também diminui o número de moedas criadas e tende a valorizar as existentes.

Por fim, penso que o futuro da rede Ethereum seja brilhante e a hora de olhar para o Staking é agora. Estou bastante animado e esperançoso com as inovações que a ETH 2 vai trazer e, a partir da leitura desse artigo, espero que você também esteja.

.
Terabox Video Player