Qual é o futuro da educação no contexto de IA?

Ethel Beluzzi - Mar 31 - - Dev Community

Em um contexto onde a Inteligência Artificial generativa promete estar presente de maneira cada vez mais profunda em nosso dia a dia, quais são as habilidades que precisamos ensinar às crianças e jovens para que eles possam não apenas lidar com toda essa tecnologia, mas também criar para ela novos rumos?

Primeiro, vamos analisar o cenário atual. A IA tem se tornado, cada vez mais, parte da rotina escolar. Seja como tecnologia auxiliar ao processo educativo (por exemplo, através da correção de redações), seja como parte do dia a dia do aluno (com a geração de resumos, as respostas para questões em modelos como o ChatGPT). Não sem receios, é claro - por exemplo, receios sobre a qualidade da substituição, ou se a tecnologia será utilizada de maneira a substituir o esforço do aluno.

Esse é um cenário tão atual que a própria UNESCO lançou um guia para o uso de IA generativa nas escolas, indicando inclusive o despreparo atual das escolas para lidar com as consequências dessa nova tecnologia - despreparo, esse, indicado pela ausência de regulamentação e orientações formais sobre o uso de IA em mais de 90% das escolas pesquisadas.

Fato é, como afirma Terrence Sejnowski, que somos muito ruins em prever as maneiras como a IA vai transformar tanto a sociedade em geral, como a educação - e que, de fato, entre os cenários utópicos e apocalípticos comumente imaginados existe um grande espaço.  

Entretanto, podemos considerar que em um mundo onde conseguimos gerar conteúdo escrito, imagético e audiovisual a partir de um simples prompt, a maneira como o trabalho funciona vai gradualmente se alterar - enquanto muitas funções serão completamente substituídas, muitas outras irão requerer um nível muito mais profundo de especialização. Mas, mais do que isso - vai ser necessário que esse profissional não só saiba lidar com essa disponibilidade de informação, mas saiba ter a autonomia para distinguir os conteúdos que são necessários. Entretanto, não é isso observamos atualmente.

Apesar de serem nativos digitais, os jovens atualmente têm maior propensão a cair em Fake News e tendem a usar redes sociais como mecanismo de busca. Acesso à tecnologia não é o mesmo que habilidade e senso crítico para utilizá-la.
 Se nossa educação não for capaz de trazer para eles as ferramentas necessárias para situar-se nesse mundo, como eles serão capazes de lidar com os desafios sociais e éticos de ferramentas capazes de gerar deep fakes em segundos?

Existem habilidades que são humanas - por mais que uma IA possa gerar imagens e textos em segundos, ela não é capaz de nos ajudar a organizar nosso raciocínio analítico, nem de nos ajudar a direcionar nossa própria criatividade. Elas são ferramentas muito poderosas - e que, portanto, precisam de pessoas com habilidades específicas para utilizá-las de maneira que sejam benéficas à população como um todo.

Atualmente, são poucas as iniciativas que se voltam para essa problemática. Embora vejamos algumas iniciativas no sentido de utilizar a tecnologia para prover diferentes meios educacionais aos alunos, mais ou menos automatizados, poucas estão se voltando aos próximos passos, que envolvem a construção de habilidades específicas através de métodos distintos de ensino.

Em um contexto onde seremos capazes de automatizar uma parte significativa dos processos educacionais através da IA, o que é absolutamente humano e não pode ser substituído de maneira nenhuma? Quais iniciativas devem ser priorizadas? Quais são as habilidades essenciais que devemos ensinar aos nossos jovens para que eles possam utilizar de maneira crítica essas ferramentas e, mais do que isso, construir os caminhos futuros? Como podemos moldar a própria educação para que aqueles que estarão à frente dessa sociedade saibam lidar com todas as consequências sociais, financeiras, políticas e éticas relacionadas à IA generativa?

Essas são perguntas essenciais, e urgentes, para que possamos não apenas compreender os efetivos impactos da IA na educação, mas também endereçar ações efetivas para essa questão.

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